Eu me lembro relativamente bem da primeira vez que vi pornografia. Eu tinha 9 ou 10 anos e um primo me mostrou a imagem de uma mulher nua. Até hoje me lembro qual era aquela imagem, apesar de nunca mais tê-la visto novamente.

Passaram os anos e a curiosidade infantil se tornou um hábito – um vício. Sofri muito com a pornografia durante toda a adolescência. Fiz muitas promessas de que pararia de ver. Então, a partir da promessa, começava a contar os dias, às vezes semanas, que conseguia ficar sem acessar pornografia. Mas, logo caía novamente.

Foi só aos 20 anos que tudo começou a mudar. Tomei coragem, e me abri com um grande amigo. Ele me ajudou, aconselhou, orou por mim, e aos poucos essa realidade foi se transformando, até que finalmente deixei de ver pornografia.

Um processo permanente

Agora, se você me perguntar quando foi a última vez que vi pornografia, eu não saberei responder precisamente. Primeiro, porque parar de ver foi um processo, com avanços e retrocessos, sem um ponto específico em que a promessa tenha, de repente, se cumprido.

Por outro lado, também existe o risco de cair novamente. É claro que, com a graça de Deus, seguirei lutando para que isso não aconteça, mas infelizmente não posso me dar ao luxo de dizer que isso nunca mais vai acontecer. O risco existe; é preciso estar vigilante. Por isso, fica ainda mais difícil falar em última vez.

Mas, ao refletir sobre esse nosso anseio de poder dizer que “essa foi a última vez” e que “de tal momento em diante, não mais vi pornografia”, cheguei à conclusão de que, na verdade, há sim  um momento fundamental nessa caminhada, que marca de maneira muito clara o meu processo de transformação – e que também pode marcar o seu.

Aconteceu há cerca de 2.000 anos.

Um marco definitivo

Quando o inocente Jesus morreu na cruz, ele deu ao pecador o presente da vida porque assumiu sobre si o pecado humano: “em Cristo não havia pecado. Mas Deus colocou sobre Cristo a culpa dos nossos pecados para que nós, em união com ele, vivamos de acordo com a vontade de Deus” (2Co 5.21). É o que Martinho Lutero chamou de “maravilhosa troca”: “Jesus Cristo tomou nosso lugar. (…) Ele tomou sobre si todas as dívidas e culpas da humanidade para com Deus. Ele realizou essa satisfação que as pessoas não eram capazes de produzir por si” [1].

Mas também é muito interessante notar que essa noção de que a morte sacrificial de Jesus seja o meio de salvação proposto por Deus já estava clara desde o Antigo Testamento: no livro de Isaías, lemos que “era o nosso sofrimento que ele estava carregando, era a nossa dor que ele estava suportando. Ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados (…). Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu” (Is 53.4-5).

Por isso, na cruz, o Filho de Deus foi consumido e consumou todas as coisas, de todos os tempos.

Sob uma perspectiva eterna, a cruz é o marco definitivo, quando Deus entregou seu Filho à morte, em meu e em seu favor, e também em favor dos pecadores do passado, e dos pecadores que ainda nem nasceram. Na cruz, Jesus absorveu todos os nossos pecados – passados, presentes e futuros. Na cruz, Jesus tomou para si o fardo que colocamos sobre ele.

Se conheci a pornografia na infância, Jesus já havia pagado o preço por causa disso. Se convivi com ele durante a adolescência, Jesus já havia pagado o preço por causa disso. Se hoje, amanhã ou depois, eu cair, Jesus já pagou o preço por causa disso.

Portanto, pela fé em Jesus, aos olhos do Pai, posso dizer que a última vez que eu vi pornografia foi quando o Filho foi crucificado.

O que você pode fazer?

Eu sei que isso nos gera um conflito. A mensagem da cruz é loucura – é pura Graça. Sei que a gente quer se justificar, quer mostrar e ver resultados. Quer poder marcar um momento e dar um testemunho em função dele.

Então, se essa também for sua realidade, convido-o a olhar para a cruz. Ali, o maior conflito de todos é resolvido. Ali, a loucura da Graça de Deus nos justifica e nos mostra claramente o resultado do amor de Deus. Ali, Jesus marca nossa história, transformando orgulhosos condenáveis em pecadores salvos, que têm como destino eterno viverem livres do pecado.

Olhe para a cruz. Não há ponto de referência no tempo que seja mais impactante do que esse. Da cruz, Jesus nos diz: seja bem vindo à Graça de Deus. Seja bem vindo ao último dia que você viu pornografia.

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Referências:

  1. ALTHAUS, P. A teologia de Martinho Lutero. Canoas: ULBRA, 2008, p.219.

 

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