Há cerca de 27 milhões de escravos no mundo. Desses, 80% são mulheres ou meninas, e 50% são menores de idade. 4,5 milhões dessas pessoas são escravizadas para exploração sexual. Enquanto isso, 20% de toda a pornografia online envolve crianças que são vítimas do tráfico de pessoas [1].

Não é preciso ter grandes habilidades em lógica ou matemática para entender que a pornografia está diretamente relacionada ao tráfico de pessoas, se 1 em cada 5 vídeos envolve uma criança que está sendo escravizada, forçada a atuar.

Muitas meninas são atraídas por propostas de ganhar dinheiro com facilidade, viajar para outros países, e assim são levadas pelo engano, “na forma de propostas sedutoras e de estratégias a que os (as) aliciadores (as) recorrem para se prevalecerem das situações de vulnerabilidade das mulheres (…). As condições concretas de vida e de miséria não deixam às mulheres outra escolha senão a de submeter-se à exploração, sem a menor consciência de que estão abrindo mão de direitos substantivos à dignidade humana, como a liberdade, o respeito, a locomoção, a saúde física e mental, direitos dos quais, aliás, ninguém pode simplesmente abdicar” [2].

É paradoxal perceber que essas meninas deixam uma situação de miséria, mas simplesmente acabam entrando em outra. O relatório da “Pesquisa tri-nacional sobre tráfico de mulheres do Brasil” relata que elas ficam presas “em cativeiro, sob ameaças, sendo obrigadas a usar drogas, álcool, vivendo terríveis condições de exploração e espancamentos (…). Obrigadas a vender seus corpos como mercadoria, sem proteção, sem que se importem com o estado de saúde delas e, durante largas jornadas, têm que atender aos clientes sem exceção. Com período curto para descansar e dormir, isso se não aparecer nenhum cliente solicitando seus serviços. As mulheres são mantidas em cativeiro, sem o direito de ir e vir” [2].

O que está sendo feito

Compreender a direta relação que existe entre a pornografia e o tráfico de pessoas é muito importante, pois a redução de acesso a conteúdo pornográfico significa redução na demanda por conteúdo dessa natureza. A conscientização a respeito dessa realidade é uma das missões do projeto “O mal que eu não quero”.

Da parte do governo brasileiro, há a promulgação de importantes leis, campanhas de conscientização, além da capacitação da polícia e funcionários do judiciário e de migração, para o combate ao contrabando de pessoas, bem como a disponibilização de atendimento a denúncias, por meio do Disque 100.

Além disso, diversas ações são conduzidas no Brasil e no mundo, para resgatar vítimas da escravidão sexual. “Destiny Rescue” é uma instituição que não só as resgata, mas cria condições para que meninas possam ser acolhidas em um local seguro e adquirir habilidades para se sustentarem, dando-lhes assim a oportunidade de viver um novo destino. Atuando na Tailândia, Camboja, Laos, Índia e nas Filipinas, já resgatou mais de 1400 crianças, desde 2011 [3].

O que você pode fazer?

Recuse-se a clicar em conteúdo pornográfico, e assim reduza a demanda por conteúdo dessa natureza, que muitas vezes é produzido com mulheres e crianças vítimas de escravidão sexual. Apoie o resgate a vítimas de escravidão sexual, e compartilhe este texto, levando conscientização a mais pessoas.


Referências:

  1. RESCUE FREEDOM. What is trafficking. Disponível em:http://www.rescuefreedom.org/our-work/what-is-trafficking/ Acesso em: 26 de julho de 2016.
  2. SODIREITOS. Pesquisa tri-nacional sobre tráfico de mulheres do Brasil e da República Dominicana para o Suriname. Belém: Sodireitos, 2008.
  3. DESTINY RESCUE. About us. Disponível em:https://www.destinyrescue.org/us/who-we-are/about-us/ Acesso em: 26 de julho de 2016.

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