Há menos de 30 anos, o acesso a “conteúdo adulto” era dificultado especialmente pela necessidade de se aparecer em público para comprar uma revista ou alugar um filme; hoje, uma infinidade de websites e a conexão de alta velocidade oferecem acesso instantâneo e gratuito a conteúdo pornográfico online, expandindo o alcance da indústria pornográfica a todas as faixas etárias.

Atualmente, a média de idade do primeiro contato de uma pessoa com a pornografia é de 11 anos [1], sendo que, entre adolescentes de 14 a 16 anos, 81% afirmam acessar pornografia em sua própria casa [2]. Apesar do interesse da indústria pornográfica em passar a mensagem de que seu material é inofensivo, natural, e até saudável, a pornografia pode ser considerada como um dos principais agentes que vêm influenciando a atual geração de adolescentes e jovens adultos em relação ao que pensam – e como agem – diante do crime de estupro. A seguir, cinco fatos que demonstram a direta conexão entre a pornografia e a cultura do estupro:

1: A pornografia “objetifica” pessoas

Objetificação significa “avaliar pessoas como se avalia objetos, de acordo com seu tamanho, formato, e harmonia entre as partes” [3]. A pornografia expõe seres humanos como produtos em um catálogo, à disposição para consumo quando e como o usuário desejar, destituídas de sentimentos ou desejos.

2: A pornografia apresenta sexo com múltiplos parceiros como algo comum

Em um estudo sobre vídeos de pornografia populares, o número de parceiros sexuais em uma mesma cena variou de um a 19, com uma média de três. E os atos sexuais gravados nesses casos geralmente são violentos [4].

3: A pornografia tem uma forte relação com a violência

Ao analisar 304 cenas dos materiais pornográficos campeões de vendas, pesquisadores detectaram que em 88,2% das ocasiões havia agressão física – principalmente tapas e bofetadas – e que em 48,7% havia agressão verbal. Em 94,4% das ocasiões, as vítimas das agressões eram mulheres [5].

4: A pornografia torna seus usuários menos sensíveis aos direitos das mulheres

Pesquisadores das universidades do Alabama e Indiana, nos Estados Unidos, realizaram um experimento [6], analisando três grupos de pessoas, que foram expostas a 4h48min de vídeos. O primeiro grupo assistiu 36 vídeos pornográficos; o segundo, 18 vídeos pornográficos e 18 vídeos não-pornográficos; o terceiro grupo assistiu 36 vídeos não-pornográficos. Posteriormente, os participantes responderam questionários para verificar suas opiniões pessoais sobre temas sociais. Entre os integrantes do grupo que não foi exposto à pornografia, 71% responderam ser a favor dos direitos das mulheres. No grupo intermediário, a porcentagem foi de 48% e, no grupo que foi mais exposto à pornografia, apenas 25% disseram apoiar essa causa.

5: A pornografia torna as pessoas mais tolerantes ao crime de estupro

De acordo com a mesma pesquisa citada no tópico anterior, os participantes responderam à seguinte questão: “Qual deveria ser o tempo de prisão para quem comete o crime de estupro?”. Para o grupo que não assistiu pornografia, seriam mais de 12 anos. Já para aqueles que foram expostos somente a vídeos pornográficos, a pena deveria ser a metade: apenas 6 anos.

O que você pode fazer?

Pornografia não é legal, e causa diversos impactos negativos à sociedade. Compartilhe este texto, auxiliando a conscientizar mais pessoas sobre a conexão que existe entre a pornografia e a cultura do estupro.


Referências:

  1. ROBERTS, T. Pure Desire. p. 95. Bethany House: 2014.
  2. Covenant Eyes. Pornography Statistics: Annual Report 2015. Disponível em:http://www.covenanteyes.com/pornstats/ Acesso em: 03 de Maio de 2016.
  3. BROOKS, G. The Centerfold Syndrome: How Men Can Overcome Objectification and Achieve Intimacy with Women. 1995.
  4. Ibid.
  5. BRIDGES, A.; WOSNITZER, R.; SUN, C. e LIBERMAN, R. Aggression and sexual behavior in best-selling pornography videos: A content analysis update. In: Violence Against Women 16. 2010.
  6. ZILLMANN, D. e BRYANT, J. Effects of massive exposure to pornography. 1988.

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