“O que a gente de fato está vendo é um homem ficando bilionário com a exposição da intimidade de outra pessoa”. Essa foi a opinião que Pedro Cardoso, ator eternizado como o Agostinho Carrara de “A Grande Família”, deu em entrevista ao programa “Pânico”, ao falar sobre a pornografia [1].

De fato, a indústria pornográfica tem uma lucratividade altíssima, estimada em R$ 400 bilhões por ano [2]. Esse número é superior aos investimentos brasileiros em aeroportos, ferrovias, rodovias e portos, ao lucro de todas as faculdades privadas nacionais, da cooperativa médica Unimed, da companhia circense Cirque du Soleil e ao lucro de grandes empresas como a Rede Globo, o SBT, e a Netflix, mesmo que todos esses valores mencionados sejam somados. Ou seja, você faz parte de uma sociedade que gasta mais dinheiro com pornografia do que com transportes, educação, saúde e lazer.

Qual é o custo real de se produzir pornografia?

Mas o grande problema nessa história não é a má distribuição de renda e a lucratividade exorbitante de apenas alguns indivíduos, e sim o custo envolvido na produção de conteúdo pornográfico. E não o custo monetário, mas o custo humano.

A “exposição da intimidade” a que Pedro se referiu significa ter sua nudez fotografada ou filmada, o que pode gerar efeitos devastadores na vida de uma pessoa. Ele menciona que em sua profissão – como ator de produções regulares – há “muita pornografia disfarçada de interesse dramatúrgico”. E conclui, dizendo que “você vai perguntar depois, lá na frente, para as pessoas que forneceram seus corpos e sua intimidade para essa indústria, e você vai encontrar pessoas destruídas (…); a pessoa está destruída psicologicamente; isso é muito violento. Isso é uma prostituição velada. É muito violento”.

E quando se trata da produção explícita de pornografia, além dos impactos profundos em nível psicológico, ocorre muito frequente agressão física, quase sempre contra as mulheres [3]. Além disso, as atrizes enfrentam também o alto risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis e a enorme dificuldade de construir sua vida profissional e relacional depois que deixam a indústria [4]. No fim das contas, o custo real da produção de pornografia é a própria vida das atrizes e atores.

E se fosse com alguém próximo a você?

“Eu sempre vejo a possibilidade de ser a mãe de alguém, a filha de alguém… E nenhum de nós quer aquilo para a própria filha”. Ao compartilhar essa angústia, Pedro Cardoso faz uma colocação que é bastante comum, quando se argumenta contra a pornografia. Certamente, a ideia de que uma pessoa próxima sofra com a exposição de sua intimidade ou com o abuso de uma indústria perversa é perturbadora, e pode ajudar a revelar a gravidade do problema. Mas essa concepção deve ser expandida: o valor de uma pessoa está no simples fato de ela ser humana.

Enquanto a pornografia traz lucratividade para alguns, o prejuízo se estende a toda a sociedade. Como qualquer produto, a pornografia é feita com base em uma demanda. Portanto, cada clique a menos não é somente uma forma de lutar contra a indústria multibilionária da pornografia, mas é uma ação a favor do ser humano, e da preservação de sua humanidade.

O que você pode fazer?

Compartilhe este texto, auxiliando a conscientizar mais pessoas sobre os altos prejuízos humanos causados pela pornografia.


Referências:

  1. PÂNICO JOVEM PAN. Pedro Cardoso – Pânico 22/06/2016. Disponível em:https://goo.gl/cQn8qD Acesso em: 28 de junho de 2016.
  2. PROFISSÃO REPÓRTER. Indústria erótica. 04 de maio de 2016. Disponível em:http://globoplay.globo.com/v/5002396/ Acesso em: 28 de junho de 2016.
  3. BRIDGES, A.; WOSNITZER, R.; SUN, C. e LIBERMAN, R. Aggression and sexual behavior in best-selling pornography videos: A content analysis update. In: Violence Against Women 16. 2010.
  4. LUBBEN, S. Ex-porn star tells the truth about the porn industry. 2008. Disponível em: http://www.covenanteyes.com/2008/10/28/ex-porn-star-tells-the-truth-about-the-porn-industry Acesso em: 12 de junho de 2016.

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