Para o ser humano, a relação sexual é uma das experiências mais aguardadas, satisfatórias e excitantes que se pode ter. E nosso corpo funciona de uma maneira que realmente torna o sexo uma experiência única. Algumas pessoas argumentam que a pornografia pode ser considerada uma expressão natural desse desejo por sexualidade que todo ser humano tem. Em um primeiro momento, a pornografia pode parecer um bom mecanismo para incrementar o prazer sexual na vida de uma pessoa; no entanto, quando analisamos com cuidado, fica muito claro que existem diferenças enormes entre a intimidade sexual de duas pessoas comprometidas e a relação de uma pessoa com a pornografia.

Mas quais seriam essas diferenças? Para responder essa questão, vamos recorrer a dados científicos: vamos examinar quatro substâncias produzidas em grande quantidade por nosso corpo durante o clímax sexual, e buscar compreender de que forma elas influenciam nossos sentimentos e comportamentos:

Dopamina:

Em meio às distrações do dia-a-dia (trabalho, contas, estudos, etc.), a dopamina permite a uma pessoa focar sua atenção em outra pessoa e ao mesmo tempo gera sensações de euforia e alegria [1] [3] [4].

Quando o clímax sexual é compartilhado com uma pessoa, ela se torna mais atrativa para nós: suas características positivas são ressaltadas. Mas quando esse momento é atingido com o uso de pornografia, a atração é relacionada a partes específicas do corpo – o que é evidenciado na pornografia – e, assim, passamos e enxergar pessoas como objetos, ou como amontoados de partes, ao invés de como seres humanos em sua integralidade.

Norepinefrina:

Em situações intensas como a relação sexual, o aumento de produção de norepinefrina resulta em uma descarga de adrenalina, o que intensifica batimentos cardíacos e o fluxo sanguíneo. A intensidade dessa experiência permite que o cérebro registre até mesmo os mínimos detalhes em sua memória [1] [3].

Quando a norepinefrina está associada à relação sexual com uma pessoa amada, aquele momento é profundamente gravado em nossa memória. O mesmo acontece em relação à pornografia: as imagens também são armazenadas em nosso cérebro. A diferença está na recapitulação dessas lembranças. Quando nos lembramos da experiência vivida com a pessoa amada, as boas memórias e sentimentos são reativados. Por outro lado, a lembrança de experiências com pornografia pode induzir a sentimentos de solidão, desamparo e invalidez. Além disso, essa lembrança faz com que deixar de consumir pornografia se torne cada vez mais difícil, pois as imagens são facilmente recriadas mentalmente, e levam o indivíduo a associar o clímax sexual às imagens, aprisionando-o a um círculo vicioso comportamental.

Ocitocina:

Essa substância tem um importante papel no fortalecimento da ligação de uma pessoa com seu parceiro sexual, pois literalmente reduz o medo e aumenta a confiança. A ocitocina também atua como um tranquilizante, induzindo ao relaxamento [2] [3].

Em meio às dificuldades da vida cotidiana, a relação sexual com o parceiro traz conforto, pois é uma relação de apoio mútuo. Quando associada à pornografia, essa relação é inexistente. Ao invés de cuidarmos e sermos cuidados por nosso parceiro, damos as costas para o mesmo e assim a pornografia se torna um método de escape dos estresses da vida.

Serotonina:

Entre outras funções, a serotonina é liberada no cérebro após o clímax sexual, criando a sensação de satisfação e calmaria [2] [3].

Indivíduos que consomem pornografia geralmente desenvolvem uma dependência, quando a utilizam como se fosse uma medicação anestésica; muitos usuários enfrentam dificuldades para dormir, caso não realizem o acesso à pornografia, e outros descrevem perturbações tanto em sua concentração quando no relaxamento, até que experimentem a descarga dessas substâncias produzidas pelo cérebro.

Verificando todos esses processos cerebrais, percebe-se que a euforia, a criação de memórias, confiança, relaxamento e satisfação são resultados naturais do clímax sexual. Essas reações certamente são desejáveis e assim fica fácil entender porque as pessoas buscam a pornografia. No entanto, os efeitos prejudiciais dessa prática vêm com a associação dessas sensações que nosso cérebro inevitavelmente realiza a imagens, ao invés de associá-las a um ser humano real. Pornografia não é uma expressão saudável de sexualidade; na verdade, é exatamente o oposto disso.

*Texto traduzido e adaptado de “What exactly happens in my brain when I watch porn?”.  Disponível em: fightthenewdrug.org/what-happens-in-my-brain-when-i-watch-porn/

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Referências:

  1. FISHER, H. Why We Love: The Nature and Chemistry of Romantic Love. Henry Holt and Company: 2004, p. 52­53.
  2. KASTLEMAN, M.B. The drug of the new millennium: The brain science behind internet pornography use. PowerThink Publishing: 2007.
  3. LEMONICK, M.D. The Chemistry of Desire. In: Time Magazine. 2004.
  4. WISE, R.A. Dopamine, learning and motivation. In: Nat. Rev. Neurosci. 5. 2004.

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